quarta-feira, 7 de maio de 2008

Logorrali ou Tragédia em quadrinhos (tipo B)

CENA 1 (A casa)
Era noite quando o ladrão chegou à porta, ligou a lanterna e deu um suspiro. Um casal de Velhos assistia televisão. Antes que ele pudesse largar a lanterna e usar o pé-de-cabra, as Erínias, em forma de moscas, invadiram três buracos de sua cabeça. Estamos, disse uma das Benevolentes, próximas do nosso intento. E voaram para dentro da casa, matando o casal de Velhos.

CENA 2 (A visita)
O Escritor caminhava com seu chiuaua. Cedo tivera uma intuição: se comprasse o James Joyce, jamais ganharia o Cervantes. Em frente à vitrine da livraria, O Escritor interrompeu o assobio, uma série de corpos se debatiam dentro da loja, no meio da horda, identificou três mulheres seminuas. O Escritor correu, gritando o nome Orestes. Ao tentar atravessar a rua, foi atropelado. Seu fiel amigo latiu para o carro. Uma das três mulheres, olhando o chiuaua, perguntou se matariam cães. O cão revelou-se indigno de sua raça, respondeu a outra.

CENA 3 (A Peripécia)
As Erínias agiram. Desprendiam-se da Antiguidade e viam buscar o que lhes era de direito. Acabaram a noite sem muitas surpresas: parte da população da Terra recebera funesta visita.

CENA 4 (A casa)
A TV, na sala deserta e escura, transmitia para as moscas (não as Erínias, mas aquelas que aparecem dos corpos em decomposição) os funerais da Princesa, morta um dia antes, suicídio. Tinha é culpa no cartório, sentenciou o Âncora do jornal da tarde, morrendo ao vivo para alguns Telespectadores.

CENA 5 (Declaração Universal dos Direitos Humanos)
Depois de sete dias de Terror, o governador, grande Zeus, nesse dia, baixou um decreto instituindo uma nova condecoração: a dos deuses do Olimpo. Não foi dessa vez a Paz Mundial, disse Ares, batendo na cabeça de um Homem.

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