terça-feira, 20 de maio de 2008

Descrição criativa e narração que deriva do objeto:

O objeto se traduz em um pedaço de papel rígido — papelão branco — quadrado em sua forma, com uma área em torno de seis centímetros quadrados. Nessa pequena “bolachinha” de papelão há um desenho de um homem com aparência semelhante ao próprio dono. Em caneta azul, o homem parece envolto por incontáveis espirais, que tomam as sobras brancas do pequeno papel. De óculos e com cabelos bem crespos, expõe uma fisionomia preocupada. Com nariz alongado e rosto comprido, não revela de imediato a sua identidade, flagrada pela quase insignificante inscrição à direita: “Gutenberg”, sugerindo ser o alemão Johannes Gutenberg, aquele que primeiro contribuiu para a tecnologia da impressão e da tipografia no mundo, no século XV. O outro lado da “bolachinha” está completamente vazio, branco.

Gutenberg impresso em uma bolachinha de papel. Impresso apenas de um lado, deixando o outro vazio. Aquele que primeiro imprimiu na história surge pensativo no desenho, envolto em idéias espirais, tomando completamente o seu espaço. Como poderia ter adivinhado ele que estaríamos todos, hoje, em pleno novo milênio, assoberbados de espirais em torno de nossas mentes? O gênio da impressão literalmente desenhado e condensado em nódulos impressos. Estamos nós, também condensados em nossos mundos, impressos em nossas verdades, estáticos em nossas possibilidades? Como Gutenberg comprimido naquele papel. Gênio impresso ele é hoje, como nós, estampados na desordem do nosso tempo. Ninguém tem se lembrado, como Gutenberg significa no pequeno papel, de procurar pelo vazio do lado oposto. Você se lembra? Ou fica entre as espirais da vida moderna? Essas espirais do século XXI que pressionam a nossa cabeça.

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