quarta-feira, 21 de maio de 2008

Criar espaço para...

O quarto tem um quê de escuro, apesar da janela aberta para o sol das onze. Na cama de ferro, dir-se-ia uma cama dupla de hospital, dois travesseiros brancos muito próximos, e a maior parte de um cobertor velho e xadrez, no ensaio da queda.

Um vinil gira na vitrola. Das caixas de som chega uma cantoria de monstro, kommienezuspadt, kommienezuspadt.

Pende de um prego no teto o que chamam mosquiteiro, e de um na parede o que chamam Marlon Brando (montado em motocicleta).

Sobre a mesa-de-cabeceira, herança de algum avô, uma garrafa de gim (dois terços vazia), um abajur esquecido aceso, marcas redondas de dedo no pó, e um telefone vermelho que toca.

No cômodo contíguo, uma voz quebradiça de menina repete: L mais A, LA, L mais E, LE, L mais I, LI, L mais O, LO, L mais U, LU.

A agulha encontra um arranhão, ha ha ha ha, ha ha ha ha, ha ha ha ha...

5 comentários:

Ana Kessler disse...

Adorei a descrição, parabéns! Meu voto vai para a cantora de ópera. bjs

Juliana Eichenberg disse...

Tá linda a descrição do teu espaço, Ana! Concordo que seja o cantinho da cantora de ópera.bj

julio disse...

Olha, tem cara de cuarto de cantora de ópera... mas acho que não é. Creio que seja do Palhaço

ana santos disse...

iiih, acho que descrevi um espaço que não tem nada a ver com quem o habita! ninguém acertou ainda! bjs

srtaParker disse...

Eu votaria na cantora...mas o Julio tem razão ( aliás Julio, gosto do que você escreve!)..o palh~ço é uma boa pedida!
bjinhos