terça-feira, 20 de maio de 2008

O quarto de

(Acho que ousei bastante. E acabei me impondo um exercício de estilo.)

As paredes do quarto são de um branco ininterrupto, sem quadros, sem espelhos, sem estantes ou prateleiras. Mergulhando por trás da cabeceira da cama, com as escamas pintadas em dois tons de azul e uma esteira de purpurina no lombo, some a cauda de uma sereia. No criado mudo do lado direito, sepultando-o, dezenas de livros formam uma montanha. No criado mudo do lado esquerdo, há um abajur e um copo transbordando água. O carpete do chão é de um gris claro imaculado. A mobília é simples, essencial e esvaziada. De um lado, duas cadeiras e uma mesa encostam-se à parede. Do outro, perto dos pés da cama, duas poltronas de vime cercam uma mesa baixa. Em um canto, com a tela virada para a parede, há um aparelho de TV. Em um outro canto, sobre guias telefônicos gastos, há um notebook iluminado, conectado a uma tomada. Na telinha do computador, uma atleta cruza a linha de chegada. Jogados no carpete sem cuidado, misturam-se uma calça, uma camiseta, umas meias e um par de sapatos.

10 comentários:

Juliana Eichenberg disse...

O quarto é bem minimalista. Será que um louco preenche os espaços?

Roger disse...

Mas "a loucura se reveste de várias e infinitas formas"! Como seria o quarto de um louco? (Não é, não.)

Juliana Eichenberg disse...

é que de louco e médico todo mundo tem um pouco... :)! Além do mais, "há método na loucura". O quarto está super bem descrito.
Mas se não é o louco... bueno, vou pensar mais um pouquinho pra não chutar!

julio disse...

Não é o prostituto? Acho que é!

Roger disse...

Obrigado Juliana!

Hahah! Bem pensado, poderia ser! Pô, descrevi um quarto de um prostituto sem saber! :o) Mas não é!

(Eu ainda não estou chutando. Só li li as primeiras descrições, e achei elas muuuuuito boas.)

julio disse...

bah que pena que... viagei na batatinha!!!

Ana Kessler disse...

Oi, Roger, primeiro eu pensei no contorcionista contundido, que ficaria na cama lendo. Mas meu voto vai para o tradutor de chinês pelas referências à pilha de livros, às paredes brancas, à mobília simples com mesinha baixa e, principalmente, pela atleta na tela do computador - as Olimpíadas de Pequim estão aí (será viagem minha?). Bjs

Oficina de Criação Literária Luiz Antônio Assis Brasil- Edição 39 disse...

diplomata? tradutor?
ana santos.

Roger disse...

As Olimpíadas de Pequim estão aí. Parabéns Ana! :)

Oficina de Criação Literária Luiz Antônio Assis Brasil- Edição 39 disse...

putz já estão entregando o jogo!

mas a colega foi muito perspicaz
ass. Marinella