sábado, 7 de junho de 2008

Leopoldo ganha a aposta?

Nunca vi tanto luxo. Mulheres desfilam de chapéu. Ficam lindas assim. Que delícia o champagne, vou tomar mais uma taça. Chego a me sentir feliz nesta tarde azul-de-maio. Quase não faz frio. Quanta gente veio ao prado. Não sabia que Grande Prêmio era bom. Não fosse o sonho, não teria vindo. Há tempos não sonhava com ela. Mas ontem, de novo, aconteceu. Vestida de branco, entrou no quarto, sentou-se na cama e ficou me olhando. Não sinto medo quando aparece. Desta vez, falou sobre cavalos. Perguntei se eram os da estância. Enigmática, sorriu. Cavalos em dia de festa – sussurrou - jogue no número oito. Quis saber mais; em vão. E antes que eu pudesse abraçá-la, sumiu. É sempre assim, então acordo e penso em tantas coisas. Até hoje não me conformo, partiu de repente. Foi numa tarde de maio, como esta. Só eu sei como sofri ao receber a notícia da sua morte. Culpa e remorso, mas não quero pensar nisso agora. Hoje de manhã, abri o jornal e lá, na página do turfe, a foto do cavalo branco, o número oito do páreo principal. Não acreditei. A legenda da foto dizia tratar-se de Ciclone, o azarão. Num impulso, decidi. Vou apostar neste cavalo.............................................................................. e se alguém me vir apostando, o que vão achar? pensando bem, ninguém tem nada a ver com isso, dia de grande prêmio, preciso ter coragem, nem sei fazer a aposta, deve ser por aquela escada, um entra e sai de gente, a mulher de lábios carnudos me olha, os seios pulam do decote, perfeitos, quero tocá-los, gosto destes seios, duas taças, o champagne a escorrer, os bicos dois morangos a crescer na minha boca, ela sorri, me faz sinal, as faces queimam, vermelho-morango, não vou olhar, quem é o homem? acompanhada? disfarço, cadê o guichê? faço logo a aposta, assisto o páreo e vou embora, número oito, não foi o que disse, no sonho, minha falecida esposa? melhor me apresssar, quase cinco horas... apostei dinheiro grande, devo ter louquecido, tudo no azarão, foi dada a largada, os cavalos correm, Ciclone! quero gritar mas não grito, na estância eu no cavalo baio, o nome era Ciclone, agora lembro, a casa na beira do riacho, longe onde ninguém podia ver, nós dois em pelo sobre o pelo do cavalo baio, e se eu te perder? te perguntava, sem nada enxergar, neblina mansa cobrindo o campo, cavalos correm embolados, não consigo ver Ciclone, nuvem de pó e cascos, por que esqueci o binóculo, cavalos viram a curva, parecem todos juntos, locutor grita, não entendo, Escorial ultrapassa Aragon... Escorial na dianteira, Ciclone, vai Ciclone, reta final, Ciclone se aproxima pela esquerda, ouvi direito? Meu São Domingos! dá uma força, coração dispara, quero ganhar, só mais cinqüenta metros, delírio geral, em segundos o resultado.

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