Fileira 9, junto ao maldito corredor. Na poltrona do centro, a mãe. Na janela, o menino.
- Fica tranqüilo, meu filho, o logo chegamos.
- E se o avião cair na água, por onde saímos?
A mãe retira o folheto explicativo inserido à frente do acento e indica ao menino.
- Pela saída de segurança, duas fileiras adiante.
- Mas se a asa estiver pegando fogo?
- Há saídas frontais.
A mãe repara minha apreensão.
- Não repare, é a primeira vez que ele voa.
- Quando pequeno também tinha medo de voar. Hoje faz parte da minha vida.
- Que maravilha. No que trabalha?
- Sou piloto.
A mãe cutuca a criança.
- Viu, meu filho, o moço é piloto. Voa todo santo dia e nunca lhe aconteceu nada.
O menino admira-me boquiaberto.
- Bem. Passei por alguns sustos.
- Sustos?
- Certa vez, ainda na escola de aviação, voava distraído, baixo. Quando dei por mim, estava preso na chaminé do Gasômetro.
- Nossa. Não me lembro de ter visto nada nos jornais – diz a mãe.
- Abafaram o caso.
- Por que o não está pilotando? – tasca o menino.
- Não é essa minha companhia, estou de carona.
- Pra qual companhia trabalha? – diz a mãe.
- VASP.
- AVASP não faliu?
- Sou um dos últimos lá. Fazemos apenas vôos restritos para o governo – aproximo-me da mulher – Informação confidencial, hein?
domingo, 8 de junho de 2008
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