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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Confissão

Por Mauro Paz

Minha paixão é doida, plena e incondicional. Não podia ser diferente. Ainda novo, invadiu-me e fez de mim um eu. Escravo voluntário me formei. Com o tempo, ela me ensinou as cores, as ruas, as dores e a compreensão de que posso e preciso saber sempre mais.

Mesmo a maltratando, vez que outra, nunca deu as costas. Ao contrário, me afaga e alimenta. Sem ela eu nada seria. Por ela vivo e através dela viverei.

Um dia é pouco pra homenagear ela que todo dia nos faz falar.

Vida longa à Língua Portuguesa!


10/06 – Dia da Língua Portuguesa
Obs.: Desculpem-me por abrir o coração aqui neste espaço, mas precisava desabafar.

domingo, 8 de junho de 2008

Exercício Diálogo

Fileira 9, junto ao maldito corredor. Na poltrona do centro, a mãe. Na janela, o menino.



- Fica tranqüilo, meu filho, o logo chegamos.

- E se o avião cair na água, por onde saímos?



A mãe retira o folheto explicativo inserido à frente do acento e indica ao menino.



- Pela saída de segurança, duas fileiras adiante.

- Mas se a asa estiver pegando fogo?

- Há saídas frontais.

A mãe repara minha apreensão.

- Não repare, é a primeira vez que ele voa.

- Quando pequeno também tinha medo de voar. Hoje faz parte da minha vida.

- Que maravilha. No que trabalha?

- Sou piloto.

A mãe cutuca a criança.

- Viu, meu filho, o moço é piloto. Voa todo santo dia e nunca lhe aconteceu nada.

O menino admira-me boquiaberto.

- Bem. Passei por alguns sustos.

- Sustos?

- Certa vez, ainda na escola de aviação, voava distraído, baixo. Quando dei por mim, estava preso na chaminé do Gasômetro.

- Nossa. Não me lembro de ter visto nada nos jornais – diz a mãe.

- Abafaram o caso.

- Por que o não está pilotando? – tasca o menino.

- Não é essa minha companhia, estou de carona.

- Pra qual companhia trabalha? – diz a mãe.

- VASP.

- AVASP não faliu?

- Sou um dos últimos lá. Fazemos apenas vôos restritos para o governo – aproximo-me da mulher – Informação confidencial, hein?

domingo, 27 de abril de 2008

Logo-Rallye

Ele chegou à porta, ligou a lanterna e deu um suspiro. Lamentou não ter comprado o livro que ela pedira de presente. Bem que tentou.
“Compra não autorizada. O senhor quer que eu passe de novo?”
Não adiantava se lamenta. Ela ficaria uma arara, independente da explicação. Colou a orelha na porta, tentando escutar o se passava.
No interior do quarto, Dona Branca, resmungava de um lado pro outro. O cachorro deitado observava a dona como se entendesse o discurso. “Toc-toc”. A porta abre. Coronel Mostarda de mãos abanando. Cedo ela teve uma intuição: se comprasse o James Joyce, jamais ganharia o Cervantes.
- Feliz aniversário! Querida, tentei comprar o livro que pediu, mas o cartão não passou. Fez alguma compra com o cartão? – disse o velho Mostarda.
- Nem no meu aniversário. Que absurdo. – disse Dona Branca. – Imprestável. Deve gastar todo dinheiro da nossa aposentadoria com piranhas.
- Não, amor. Deve ter sido um engano da operadora.
- Nosso casamento foi um engano. Rex, Pega. Pega, Rex.
Bem acomodado o cão revelou-se indigno de sua raça. Dona Branca correu Mostarda e cão a bofetões. Bateu a porta. A dupla acomodou-se no sofá. O televisão mostrava as notícias do mundo. Acabaram a noite sem muitas supressas.
No quarto, Dona Branca não achava posição para dormir. Volta e meia resmungava. Quando o relógio da penteadeira marcou quatro horas, levantou. Foi pé por pé até a sala. Coronel Mostarda e o cão dormiam. Dona branca pegou o castiçal. Com um golpe certeiro, atingiu o velho. O cão acordou. Latiu. Voltou para cama às pressas. O pastor a seguiu até a porta do quarto. Ali deitou. A TV, na sala deserta e escura, transmitia para as moscas os funerais da princesa; ele, entretanto, apenas agonizava.
Ao acordar, Dona Branca ligou para a polícia. Dizia que provavelmente um assaltante houvesse matado o velho Coronel. Os policiais também estavam certos disso. Até o pastor alemão os levar até o quarto da mulher, revelando, embaixo da cama, o castiçal manchado de sangue. O governador, nesse dia, baixou um decreto instituindo uma nova condecoração. Reconhecendo os bons serviços do velho cão. Dona branca está em liberdade. Os advogados conseguiram provar que foi um ato de sonambulismo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Primeiro passo

Colegas,

Como combinamos esse será nosso espaço para postarmos os textos produzidos na Oficina.
Para postar é simples:

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