domingo, 8 de junho de 2008

Exercício Diálogo

Fileira 9, junto ao maldito corredor. Na poltrona do centro, a mãe. Na janela, o menino.



- Fica tranqüilo, meu filho, o logo chegamos.

- E se o avião cair na água, por onde saímos?



A mãe retira o folheto explicativo inserido à frente do acento e indica ao menino.



- Pela saída de segurança, duas fileiras adiante.

- Mas se a asa estiver pegando fogo?

- Há saídas frontais.

A mãe repara minha apreensão.

- Não repare, é a primeira vez que ele voa.

- Quando pequeno também tinha medo de voar. Hoje faz parte da minha vida.

- Que maravilha. No que trabalha?

- Sou piloto.

A mãe cutuca a criança.

- Viu, meu filho, o moço é piloto. Voa todo santo dia e nunca lhe aconteceu nada.

O menino admira-me boquiaberto.

- Bem. Passei por alguns sustos.

- Sustos?

- Certa vez, ainda na escola de aviação, voava distraído, baixo. Quando dei por mim, estava preso na chaminé do Gasômetro.

- Nossa. Não me lembro de ter visto nada nos jornais – diz a mãe.

- Abafaram o caso.

- Por que o não está pilotando? – tasca o menino.

- Não é essa minha companhia, estou de carona.

- Pra qual companhia trabalha? – diz a mãe.

- VASP.

- AVASP não faliu?

- Sou um dos últimos lá. Fazemos apenas vôos restritos para o governo – aproximo-me da mulher – Informação confidencial, hein?

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